Todos os dias ouvimos o índice de desemprego em Portugal. Eu tenho algumas das minhas pessoas nessa situação. Umas há muito tempo. Outras há uns meses e outras que vão agora enfrentar o fantasma do desemprego. Sei, por eles, o desespero de procurar um trabalho e não o conseguir. Como eles, tantos outros neste pais.
O que me surpreende e, perdoem-me quem se sentir ofendido, são aqueles que não aceitam trabalho por ser em centro comercial e em regime de turnos. Tive duas pessoas na minha equipa e que neste momento não estão. Por motivos diferentes. Uma porque teve o meu sobrinho lindo mais novo. ❤ Outra, que a esteve a substituir, e que por motivos que não interessam aqui, saiu. Ou seja, preciso urgentemente de alguém no ramo do turismo. E, para espanto meu, há muita gente desempregada e que não aceita o emprego porque a agência é num centro comercial.
Se é bom trabalhar aos fins de semana, feriados e noites? Ninguém vai dizer que sim. Até porque todos temos família. Filhos, sobrinhos, maridos, mulheres, pais, irmãos, gatos e cães, com quem queremos estar. O que é certo é que, cada vez mais, as lojas estão nos centros comerciais e estas têm que estar abertas de segunda a domingo. E têm que ter gente a trabalhar.
Estou a trabalhar em turismo há quase 22 anos. Nunca trabalhei por turnos até Janeiro passado. Porque, juntamente com a direcção e com a minha equipa, resolvemos reduzir a mesma para lutar pelos nossos postos de trabalho. Se me custa não estar com o meu marido todas as vezes em que faço noites? Claro que sim. Se me custa não ir fazer um piquenique no dia da criança com os meus sobrinhos? Claro que custa. Tenho, no entanto, que lutar pelo meu emprego e pelo meu ordenado ao fim do mês. E lutar por uma loja onde estão mais pessoas que admiro e adoro.
Por isso me deixa incrédula saber de todos aqueles que não estão a aceitar a vaga porque não querem trabalhar por turnos, estando desempregados. Cada um sabe da sua vida. Certo. Certíssimo. De qualquer forma, lamento que isso aconteça. Vamos contratar uma menina sem experiência. Todos os outros, com experiência, não querem. Paciência. Garra e vontade de aprender é do que precisamos. O resto ensina-se. Pelo menos esta quer lá estar. E isso faz TODA a diferença.